quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

O MISTÉRIO PÚBLICO E A POLITICA DE VAZAMENTOS DA LAMA JATO



Ontem, a ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) soltou uma nota curiosa. O 
mote da nota é o vazamento de informações visando comprometer o senador Randolfo Rodrigues 
(Rede-AP).
“No que se refere a denúncias sobre senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e um suposto 
recebimento de dinheiro ilícito, já foi esclarecido pela Procuradoria Geral da República que as 
informações colhidas não são suficientes para indicar a autoria de crimes”.
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Na verdade, a nota é um protesto contra alguém (não se sabe quem) que atribuiu o vazamento aos 
procuradores da Lava Jato.
“É notório que a sociedade possui direito à informação e que a liberdade de imprensa é um pilar da 
democracia, bem como a verdade. No entanto a veiculação de fatos desabonadores sem a devida 
informação, que usam o Ministério Público Federal para atingir pessoas públicas, presta um 
desserviço à população no intuito de prejudicar o trabalho dos procuradores da República”.
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Ou seja, a ANPR admite que os vazamentos (acompanhados de interpretações maliciosas) são 
práticas espúrias. Mas rejeita como espúria a interpretação de que procuradores vazam. Rejeitando, 
admite que essas práticas podem comprometer a imagem do MPF.
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Conforme já explicitado em trabalho de 2004, sobre a Operação Mãos Limpas, a estratégia de Sérgio 
Moro é o vazamento amplo e diuturno de notícias, para controlar o noticiário. E, na outra ponta, 
parceria com editores sem discernimento, dispostos a aceitar qualquer fato manchetável.
Quando ambos – Operação e imprensa – compactuam do mesmo objetivo – adotar viés partidário – o 
jogo fica perfeito.
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Tome-se o Estadão de hoje. As três manchetes principais são um primor de vazamentos maliciosos 
de informação.
A primeira tenta incriminar o Ministro-Chefe da Casa Civil Jacques Wagner quando governador da 
Bahia. A matéria menciona conversas entre Wagner e dirigentes da OAS. O primeiro tentaria liberar 
recursos em Brasília, os segundos liberariam apoio para a campanha. Segundo o próprio jornal, é 
material mantido sob sigilo em Brasília e em Curitiba.
Provavelmente o vazamento foi feito pelo rapaz do cafezinho.
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O segundo vazamento diz que empreiteiro fez lobby com Cunha para Haddad. O lobby visava 
aprovar a rolagem de dívida de municípios. O relator do projeto era Eduardo Cunha e o homem que 
influenciava Eduardo Cunha era o presidente da OAS. Obviamente, sem a rolagem as capitais não 
teriam recursos para obras. E quem faz obras são empreiteiros.
Provavelmente o vazamento da conversa entre o presidente da OAS e Eduardo Cunha foi da 
faxineira do prédio da Lava Jato.
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O terceiro é a tentativa de incriminar o ex-presidente do Banco do Brasil – e atual presidente da 
Petrobras – Aldemir Bendine, em operação de compra de debêntures da OAS.
A operação não saiu. Ou seja, não havia o mote do crime. Mas, segundo o jornal, a PGR 
(Procuradoria Geral da República) viu “indícios” de crime no fato de Bendine pedir para conversar 
pelo telefone fixo.
Provavelmente Bendine fez o pedido com receio de que o motorista do PGR pudesse vazar a 
conversa para a imprensa, com ilações só possíveis para um motorista de procurador, não para um 
procurador.
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Pelo menos a manifestação da ANPR ajudará a conter o ativismo de alguns procuradores avulsos, em 
busca de notoriedade, abrindo representações a torto e a direito em cima de qualquer factoide.
Fica claro que, agindo como agiram, comprometeram a imagem do Ministério Público Federal.
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Por Charlie
O que se passa é que o senador Randolfe é linha de frente dos interesses corporativos da ANPR e do 
MPF no Senado Federal. Desde que a tal delação vazou, muitos procuradores passaram a defender o 
senador publicamente, como Helio Telho e Monique Chequer. É comum isso, procurador defender 
publicamente político suspeito do que quer que seja...?
Portanto, a tal nota não é para repreeder "procuradore avulsos" que praticam vazamentos (mesmo 
porque vazamento é regra no MPF, não exceção), mas sim limpar a barra com o Senador amigão, 
para que não restem dúvidas que ele mantém o total apoio da ANPR e pode continuar a ser o cão de 
guarda da instituição no Senado, ainda que um procurador desafeto tenha feito o vazamento.

Por LN
Seria conveniente que a ANPR instituísse um carimbo para os vazamentos: "a favor" e "contra".
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